Assessoria na Itália: Quando a gente vive o que queremos viver!

Porque o mundo precisa de sonhadores!

“Il mondo ha bisogno di sognatori”

Dessa vez o artigo conta sobre como é um pouco da minha vida como Assessora aqui na Itália.

Hoje o Oficial de um dos comunes onde trabalho me perguntou se eu realmente era de acordo com o fato de se poder fazer o reconhecimento da cidadania italiana Jure Sanguinis.

Ele me disse que se na terra existem 7 bilhões de habitantes, sua grande maioria seriam descendentes de italianos.

A única coisa que me veio à cabeça é: sim! No fim, viemos todos do mesmo lugar.

Além de lembrá-lo do fato de que a unificação da Itália aconteceu somente em 1861, respondi que para mim o mundo é apenas um.

E na minha opinião, tanto pessoal quanto como profissional de Relações Internacionais, nem deveriam existir barreiras.

Sim, esse tema é super polêmico, eu sei. Cada um tem as suas opiniões e particularidades!

Não entrarei em detalhes sobre o que penso quanto ao assunto.

Aí então, me peguei aos prantos assistindo Masterchef Itália quando no episódio que assisti, alguns convidados que vieram de países como: Somália, Líbia, Nigéria, entre outros, e que exercem a profissão de chef aqui na Itália, fizeram junto à sua dupla (um/a italiano/a) um prato típico de seu país.

Um deles contou quão longa foi a viagem até chegar aqui.

Saindo de seu país de origem, ficando meses dentro de um navio e fazendo boa parte do percurso à pé, até conseguir chegar em uma cidadezinha da Sicilia.

Uma das apresentadoras perguntou à ele se a família dele sabia que ele havia se tornado chef aqui na Itália.

Ele respondeu dizendo apenas que eles sabiam que ele cozinhava e tals.

Então pensei que a família não devia se dar conta de que de repente ele estava ali, participando de um dos programas mais famosos da TV, e com a maior humildade do planeta!!!

Ela disse à ele: Benvenuto in Italia caro!!

Foi o ápice da minha choradeira…

Acho que estou mega sensível mesmo.

Fazer esse trabalho realmente mexe comigo, e me ensina tanto sobre as pessoas. Sobre sonhos, sobre determinação, resiliência, humildade. Que só me faz querer continuar seguindo nesse caminho.

Se é fácil fazer o que a gente gosta? Nem um pouco!

Às vezes me pego pensando nos perrengues que passo, como por exemplo aquele de quando fiquei sem casa, ou quando o motor do meu carro fundiu (esse teve artigo contando! Rs), estou sempre tentando escrever mais, porque tem muitos outros perrengues pra contar…  Então eu me pergunto, porquê aguentar essas coisas?

E aí me lembro (até porque minha Mãe não me deixa esquecer): foi você quem escolheu isso Gyselle!

E sim, fui eu quem escolhi!

Graças à Deus tive a chance de poder escolher, de continuar tendo escolhas e poder optar por aquilo que faz encher meu coração com a sensação de estar vivendo por algo além, do que apenas pensar em mim mesma.

Viver fora do país onde nascemos, faz a gente perder muitas coisas: faz a gente perder a convivência com aqueles quem mais amamos no mundo.

Faz a gente perder festas, comemorações importantes.

Faz a gente se afastar de pessoas que antes achávamos tão essenciais aos nossos dias e ainda assim continuar vivendo bem e feliz.

Faz a gente perder um pouco da nossa reputação, afinal somos “imigrantes”.

Faz a gente perder um pouco de nossa identidade, pois nem sempre conseguimos nos expressar da forma que gostaríamos em uma outra língua.

Porém, por outro lado, faz a gente ganhar, e ganhar tanto!

Faz a gente ganhar no caminho, pessoas que compartilham da mesma energia.

Faz a gente ganhar mais humildade, que é um presente lindo.

Faz a gente perceber que de fato somos todos iguais. Que crenças, cor da pele, ou país de nascimento não definem nosso caráter.

Faz a gente aprender olhar ao próximo com mais empatia.

Faz a gente aprender à não julgar as escolhas dos outros, porque nunca soubemos o que ele teve de renunciar para chegar onde está.

Faz a gente ganhar mais confiança em nós mesmos.

Faz a gente entender que cada um aqui nesse mundo está trilhando seu próprio caminho e ninguém, além de nós mesmos, imagina os fantasmas que a gente precisa afrontar.

No fim, após me conhecer um pouco mais e ouvir meu discurso, o Oficial finalmente me disse: então você não faz isso por dinheiro, porque pra você mesmo sobra pouco, você faz isso porque gosta de verdade, certo?

Ufa! Finalmente ele entendeu!

Com esse Oficial passei por poucas e boas.

Tive problemas para aceitar o jeito bastante peculiar e preconceituoso dele, e acredito que ele também teve dificuldades de entender minhas razões, meu jeito de ser e no que acredito.

Mas hoje encerrei o ciclo com ele, e saí de lá feliz por ter conseguido fazê-lo entender isso.

Aprendi à tirar o melhor proveito da pior situação, e estou me sentindo bem! =)

Aprendi muito com ele, e por isso tenho que agradecer.

Aprendi que a gente só pode oferecer aos outros o que a gente tem dentro da gente, e que mesmo alguém vindo com todas as pedras na mão pra te atacar, se o que você tiver à oferecer for gentileza, o melhor sempre será ser gentil!

Todos nós temos problemas internos à serem resolvidos, e quem sou eu pra julgar o que é mais difícil ou mais fácil…

Infelizmente nem sempre a gente vai conseguir agradar todo mundo, porque existem algumas pessoas que simplesmente não querem ser agradadas.

O máximo que podemos fazer, é sermos nós mesmos.

Enfim, tudo isso pra dizer: como é bom a gente poder escolher ser quem a gente quer ser, e viver onde e como a gente quer viver!

Liberdade é um dos maiores presentes da vida!

Como boa sonhadora, continuo a imaginar como seria lindo se o mundo não fosse dividido em países, se não existissem fronteiras para os nossos sonhos mais puros e cada um pudesse viver onde escolhesse, não é mesmo?

Então, pra finalizar o artigo deixo aqui essa música maravilhosa do John Lennon e um pedacinho que diz exatamente sobre esse artigo:

“Imagine there’s no countries

It isn’t hard to do

Nothing to kill or die for

And no religion too

Imagine all the people

Living life in peace

You may say I’m a dreamer

But I’m not the only one

I hope someday you join us

And the world will be just one”

Traduzindo:

“Imagine se não existissem países

Não é difícil imaginar

Nada pelo o que matar ou morrer

E sem religião também

Imagine todas as pessoas

Vivendo a vida em paz

Talvez você diga que sou um sonhador

Mas eu não sou o único

Eu espero que um dia você se junte à nós

E o mundo será um só”

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